Algo incomodava!


Todos reunidos em um mesmo salão, aguardando a mesma reunião. E algo incomodava ao irmão Gumercindo (nome fictício).
Não eram as vestimentas, pois todos se trajavam adequadamente. Não eram os cabelos. Não! Não eram os penteados, pois nada havia de exagerado. Não era a ausência de Bíblias, apesar de que alguns eram viciados em perderem as suas. Além de todos a possuírem, ainda havia diversidade de versões e estilos, revelando abundância da literatura santa.
Nada que fosse visível. Mas, algo incomodava.
Seriam as canções? Ou, pelo menos, a forma de manifestá-las? Haviam cânticos variados: hinos e hinetos, centralizados em um tema que a todos regiam em busca do conhecimento; visualizando a edificação pelo entendimento. Além disso, havia tantos que cantavam com maestria! Outros, nem tanto; porém, entoavam seus cânticos como expressão de louvor e gratidão ao Senhor do riso e pranto.
Hummm...
Seriam as pregações? Havia estudo consciente para quem quisesse ser gente, à luz da Revelação suficiente. Seu conteúdo era literalmente bíblico, e sua manifestação se dava por meio simples; o essencial para a compreensão de todos: cultos, incultos; idosos, jovens e crianças; antigos ou modernos.
Não! Não era algo visível, nem audível; mas, algo incomodava.
Seria o coração? Aquilo que não se vê, nem se ouve, diretamente. Gumercindo, então, se deu conta de que o incômodo vinha de dentro. De seu coração adormecido, sem reação positiva ao que via, lia, ouvia, compreendia e concordava. Precisava, urgentemente, de um remédio para curar o incômodo. Precisava de Deus! Não simplesmente o do Livro (Bíblia); o das histórias narradas; o da experiência dos outros; mas sim o que sensibilizava a alma. Precisava apreciar a beleza: cultivar a alegria; aprender com a tristeza; amadurecer na tribulação; saborear o conforto divino; enfim, ver Deus em todos os momentos, e em todas as pessoas. Precisava de menor rigor, e de mais amor.
Algo o incomoda?
Seria o seu coração? ...

“Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos...” (Jeremias 17.9s).

Autor: Pr. Wagner Amaral




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Lembranças de algo que não há



No último domingo, celebrei a Ceia na igreja que pastoreio. Para mim, é um momento importante, quando vivenciamos um mistério, que é a presença de Jesus nos elementos e no culto. Na verdade, não dá para explicar aquilo que nós reformados chamamos de “sacramento”. No máximo, podemos compartilhar a experiência.

Enquanto me lembrava do culto e do momento da Ceia, da alegria de partilhar da mesa do Senhor com gente tão pecadora quanto eu, mas também tão alcançada pela graça salvadora de Jesus, comecei a ficar triste.

Não por causa do culto em si, nem pela igreja que pastoreio. Muito menos pelas pessoas de lá. Minha tristeza se deu por causa de um cansaço.

Acho que estou cansado, estafado, esgotado. Não se trata de cansaço físico, que uma boa noite de sono resolve, nem de cansaço ministerial. Estou cansado é dos rumos que a igreja evangélica brasileira anda tomando. Em contraste com a santidade e a intimidade que o Senhor nos proporciona, lembradas pela celebração da Ceia, vivemos tempos muito ruins. Parafraseando Frank Peretti, estamos vivendo em um mundo tenebroso. Não temo em afirmar que rumamos para uma grande apostasia.

A fé bíblica deixou de ser parâmetro para o ser cristão. Hoje as pessoas buscam cada vez mais ter experiências sensoriais, ainda que em total afronta às Escrituras. Bíblia? Ora, para quê Bíblia, se hoje temos profetas, bispos e apóstolos ungidos, vindo diretamente do trono de Deus, sem nenhuma chancela do Espírito Santo e de seu corpo, que é a Igreja (não confundir com “igrejas”) aqui na terra? Por que gastar tempo lendo e interpretando uma literatura em sua maior parte de origem semita, produzida há cerca de 2 mil anos, se hoje temos DVDs, CDs e outras bugigangas que trazem o alento necessário às almas ocas? Por que se importar em ser pastoreado de modo saudável, se hoje não nos importamos mais em viver um verdadeiro renascimento medieval? Se hoje se cobra um módico preço de cada incauto para que ele seja abençoado por Deus através de gente que confunde estética metrossexual com intrepidez ministerial? Em nossos tempos, não é melhor cantar “Restitui” do que “Tudo a Ti, Jesus, entrego”?

Sempre que posso, procuro alertar as pessoas sobre como a igreja evangélica brasileira tem se transformado nessa espécie de “Sodoma gospel”, onde as pessoas, ainda que religiosas, são más e agem contra o Senhor (Gn 13.13). Fico feliz com a igreja que pastoreio hoje, que tem sido receptiva àquilo que procuro alertar. E sei também de outras comunidades e igrejas locais onde se busca o evangelho verdadeiro. Mas sei também que estamos nos tornando exceção.

Sinto saudades do tempo em que as aberrações eram prontamente identificadas e rejeitadas, um tempo em que o “deus-mercado”, o “deus-espelho” e o “deus-sucesso-a-qualquer-preço” ainda não tinham colocado as garras de fora. E isso tudo me entristece bastante.

Sei que Deus ampara os seus, não permitindo que fiquem atordoados (1Pe 2.6). Sei que estamos vivendo o cumprimento das profecias acerca da volta de Jesus (Lc 18.8), e que apareceriam falsos cristos e falsos profetas anunciando a “última revelação fresquinha” de Deus (Mt 24.5, 23, 24) — o que de fato já está ocorrendo. Mas a vida ministerial tem dessas coisas. Que Deus me ajude a olhar mais para suas promessas, que refrigeram o coração e a alma (Sl 19.7), enquanto andamos no seu caminho.

Autor: • Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO.
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